vai dizer que você nunca soltou um palavrão, irmão?
vai dizer que você nunca soltou um palavrão, irmão?

Palavrão e o cristão. O que você acha?

Um elemento cultural que deve ser usado com bom senso. Não existe uma lista de palavras permitidas ou proibidas em português aos cristãos.

Alguns legalistas mudam o sentido de uma passagem bíblica que diz:

Entre vocês não deve haver nem sequer menção de imoralidade sexual nem de qualquer espécie de impureza nem de cobiça; pois estas coisas não são próprias para os santos.

Não haja obscenidade nem conversas tolas nem gracejos imorais, que são inconvenientes, mas, ao invés disso, ação de graças.

Efésios 5:3-4 (NVI)

Aí eles dizem que não é para falar dessas coisas. Como praticamente 100% dos “palavrões” da língua portuguesa têm conotação sexual, eles interpretam que não se pode falar dessas coisas nos termos que a sociedade não costuma dizer. Mas essa passagem e as outras dos capítulos 4 e 5 fala como ter uma vida social como cristãos, evitando brigas e confusões, não piadas, momentos de confraternização e divertimento entre amigos. Paulo apenas pede bom senso. Mais para frente ele também fala da bebida alcoólica, como se estivesse condenando isso, passagem também usada por legalistas para condenar o álcool, mas vemos que Paulo está falando de bom senso, não de regras proibindo a bebida. A mesma aplicação serve para o palavrão.

Segundo a Bíblia, nós temos que ter amor ao próximo, não devemos ofender, mas sermos moderados, ou seja, ter bom senso. Portanto, se no contexto onde estamos não se fala palavrão, não devemos ofender os que não gostam disso. Mas não é uma regra, sim uma questão de bom senso. Por isso também não é bom falar na frente de crianças, que ainda não têm o bom senso e não sabem diferenciar quando usar palavras menos aceitas sem soarem ofensivas. Mas se usado sem ser para ofender, o palavrão não é pecado. Palavras que ontem eram palavrão, hoje não são mais, palavras que eram “normais” hoje são palavrão. isso é uma questão cultural e deve ser submetida ao bom senso, não ao legalismo.

Mas, se você não tem o bom senso necessário, admita sua falha e elimine qualquer atitude que possa trazer prejuízo ao seu próximo de sua vida, seja a bebida, seja o palavrão.

Thiago, vi seu comentário sobre o Palavrão e o Cristão, e vi você chamando de “legalista” quem afirma, com base em Efésios 5, que o cristão não deve falar palavra torpe. Minha pergunta: Como você sabe que “eles” é que são legalistas, e não você que está sendo “liberal”?

O liberalismo teológico obrigatoriamente interpreta a Bíblia segundo o método histórico crítico (mas nem todo adepto do método histórico-crítico é teologicamente liberal). Também é fazer com que as ciências modernas ditem a interpretação das escrituras.

Neoliberalismo é relativizar a Bíblia de acordo por critérios subjetivos, de acordo com alguma ou algumas correntes de pensamento atuais, de acordo com a cultura; coisa que vemos muito entre cristãos progressistas de hoje, por exemplo.

Neoliberalismo é diferente do que acontece entre conservadores, que também relativizam a Bíblia, também afirmam algumas passagens e rejeitam outras que eles não gostam; mas eles reinterpretam as passagens que rejeitam, não dizem que elas não são coisa de Deus, só dão uma interpretação nova e ideológica para se encaixarem no pensamento deles. O

conservadorismo teológico é virtualmente a mesma coisa que neoliberalismo teológico, mas não recebe a pecha de neoliberalismo teológico porque não são uma continuação repaginada do liberalismo teológico antigo, igual o progressismo teológico.

Os neoliberais também se valem de uma ideia de que a Bíblia não é a verdade em tudo que ela diz, como os adeptos do método histórico-crítico de interpretação da Bíblia, mas não a interpretam conforme as ciências atuais, caso do método histórico-crítico, o método deles é totalmente subjetivo, eles determinam o que é verdade ou não conforme questões subjetivas, culturais, diferente do método histórico-crítico, mais científico e objetivo (de novo, nem todo adepto do método histórico-crítico é liberal teologicamente, assim como o método histórico-gramatical não é fundamentalista, apesar dos fundamentalistas usarem este metodo, pelo menos em teoria, é um erro generalizar sobre liberais e fundamentalistas e os métodos que eles utilizam).

Eu não interpretei a bíblia no método histórico crítico no meu comentário, nem reinterpretei passagem bíblica alguma, pelo contrário, afirmei a passagem bíblica de acordo com que ela diz, não de acordo com o que a cultura interpreta.

Agora vamos ao significado de legalismo.

Juridicamente, legalismo significa:

  • Fidelidade ao regime legal, ao governo constituído.
  • Cuidado de respeitar minuciosamente a lei.

Existem diferentes comportamentos que fazem as pessoas serem enxergadas como legalistas. Para o cristão, a lei é mais orientação do que apenas um “pode e não pode” que regula a vida do cristão, neste sentido somos todos “legalistas”, pois a o fim (alvo) da Lei é Cristo e pela Lei sabemos como Cristo quer que andemos; e amamos a Lei de Deus, pois nos orienta em nossa natureza regenerada, porém a Lei serve mais como espelho, mostrando que somos pecadores e não conseguimos cumprir a Lei.

Este uso como Espelho é o principal uso da Lei, pois como sistema jurídico, ou “freio” de Deus para a natureza humana pecaminosa, ela nos condena e nos mostra que merecemos a separação de Deus e o Inferno, mas Deus por amor, em Jesus, e somente pela fé, nos dá perdão e graça e a Lei perde seu efeito condenatório sobre nós, por isso, depois da fé, usamos e amamos a Lei como orientação (“vá e não peques mais”. E aí? Como não pecar? Descobrimos na Lei), jogando fora o medo dos efeitos penais da Lei, porque em Jesus, pela fé somente, temos a graça e o perdão de Deus.

Por causa da desvalorização do uso como Espelho e a valorização do uso como norma (orientação) na vida do cristão por parte de muitos irmãos e adeptos de seitas, o termo legalista se tornou pejorativo no cristianismo, por causa dos que buscam cumprir e obrigar as pessoas a cumprirem minuciosamente a Lei de Deus, ou melhor, o que eles interpretam como sendo Lei de Deus. Mas já que ninguém consegue cumprir a Lei de Deus e por isso Jesus veio, para que pelo cumprimento dEle sejamos justificados, o cristão legalista, no sentido pejorativo, é um falso cumpridor da Lei, um hipócrita, como eram os fariseus, pois nem ele cumpre a Lei e fica cobrando dos outros o cumprimento. Já o cristão que busca mostrar a Lei de Deus como orientação, busca ajudar as pessoas a direcionarem suas vidas pela moralidade da Lei de Deus, não é um legalista, mas uma pessoa que busca separar corretamente Lei e Evangelho.

O outro tipo de legalista, que é ao qual me referi neste comentário sobre palavrão, é o que ACRESCENTA mais regras ainda à Lei de Deus. nem todos que rejeitam os palavrões são legalistas, mas são os legalistas que vêm em mente ao comentar sobre eles. No meu comentário, eu lembrei que não há uma lista de palavras em português que são proibidas e permitidas ao cristão, então devemos ter bom senso e avaliar a intenção e o efeito de nossas palavras. E isso não só para o Palavrão, mas para qualquer palavra. Você pode chamar uma pessoa de Filha da pu#@ e não pecar, mas pode chamar uma pessoa de “abençoada” e pecar. Os que condenam o palavrão devem ter uma lista particular de quais palavras podem ou não ser ditas. Se eu disser “cacete” eu peco? E “merda”? E “puta”? Essas palavras são consideradas palavrões em alguns lugares, mas são de uso comum em outros lugares pelo Brasil. E palavrão em outra língua? É pecado também? Enfim, proibições a certas palavras são acréscimos à regra bíblica, não a regra bíblica, que fala sobre bom senso em avaliar a intenção e efeito.

Antes de falar qualquer coisa, temos que avaliar:

Qual a intenção de falar aquilo?

Qual o efeito que aquilo vai causar?

Então buscamos as melhores palavras para aquele contexto, seja um contexto sério, seja um descontraído. Nosso vernáculo é rico em palavras e termos para descrever o que estamos pensando, então temos muitas opções para o que for melhor ou mais engraçado. E não há proibições a palavra nenhuma, mas sim um chamado ao bom senso e amor ao próximo na intenção e no efeito das palavras que usamos.

Ex: Um “filho da pu#@” pode ser engraçado e não ofender ninguém. Um “herege” pode ser super ofensivo e causar até a ruína de alguém.

Conhecendo melhor agora o que é liberalismo, neoliberalismo e legalismo, faça melhor seu julgamento sobre minha posição a respeito.